quinta-feira, 23 de abril de 2015

TUTANKHAMEN : O FARAÓ MENINO - Jarbas Vilela




No ano 1360 antes de Cristo,
houve um faraó que abandonou Tebas, para fundar uma nova capital :  Akhetáten  (chamada atualmente de Amarna). 
Ele abandonou o culto de AMEN-RÁ e seu sacerdócio, para adorar um novo deus  -  um deus que residia no disco físico do sol :  ÁTEN
Ele abandonou seu nome de AMENHETEP IV para denominar-se  AKHENÁTEN  (= 'o espírito do sol').

Para empreender essa revolução religiosa ele recebeu o forte apoio de sua esposa, a rainha  NEFER-NEFRU-ÁTEN NOFRETET  ( NEFERTITE ).


Busto de Nefertite
Museu de Berlim


Nefertite e Akhenáten
Museu do Louvre


























Eles não veneravam meramente o disco solar, mas o adoravam como uma visível emanação da divindade, que dispensava luz, calor e vida a todos os seres.
ÁTEN  era a fonte de vida da terra :

"Teus raios abraçam os países e tudo o que criaste.  Com teu sopro deste vida para animar tudo o que existe.  enches a terra com tua beleza, pois tu és brilhante, claro e forte".


Eles não viveram felizes por muito tempo e a partir do 15º ano do seu reinado, AKHENÁTEN e NEFERTITE não aparecem mais juntos em público.  

No 16º ano, o faraó desposa sua filha  ANKHSENPAÁTEN  (com 9 anos)  e no ano seguinte foi provavelmente assassinado.



O sucessor de AKHENÁTEN  -  seu irmão  -  deveria denominar-se   TUTANKHÁTEN,  mas ele se chamou  TUTANKHAMEN  -  homenageando o antigo deus, patrono da sua dinastia e do Novo Império.
Seu primeiro decreto foi restabelecer o culto de  AMEN-RÁ e em reconhecimento, seus sacerdotes o cobriram de graças, poder, bênçãos e magia.





Cartuchos com os nomes de trono (Neb-Kheperu-Rá) e pessoal (Tut-Ankh-Amen, Senhor do Alto e Baixo Egito)
<   ler da direita para a esquerda.



Quando TUTANKHAMEN subiu ao trono tinha apenas 9 anos.
Ele teve de se casar com  ANKHSENPAÁTEN, a rainha viúva  (com 12 anos ), sua sobrinha, pois no Antigo Egito a sucessão se transmitia por linha feminina.  Era a mulher quem herdava o trono... e o homem que a desposava tornava-se 'faraó'.

TUTANKHAMEN morreu aos 18 anos e foi sepultado num pequeno túmulo hipogeu, finalizado às pressas, no Vale dos Reis, a ocidente de Tebas :  uma região tenebrosa, infestada de serpentes e escorpiões mortíferos.
Aqui, TUTANKHAMEN dormiu em paz durante 33 séculos, até que seu descanso eterno fosse perturbado por mãos sacrílegas. 



Nessa região descobriram pequenos saquinhos de fino linho da casa real egípcia, embrulhando pedaços de natro e resina  -  usados nas defumações de procissões sagradas do ritual funerário.  Esses saquinhos foram alguns dos vestígios que possibilitam, no Século XX, descobrir a sua sepultura.
Outro elemento encontrado foi um colar de flores secas, usado por alguma dama, no banquete funerário à porta do sepulcro.
Esses e outros objetos achados em 1907 nas escavações de THEODORE DAVIS, no Vale dos Reis...  indicavam a proximidade de um túmulo.





Só 15 anos depois de sérios estudos e exaustivas escavações, o arqueólogo inglês  HOWARD CARTER descobriu, finalmente, a porta do sepulcro, contendo o selo intacto da necrópole de Tebas :  o cão  ANÚBIS  - guarda divino dos cemitérios -  junto com os 9 inimigos tradicionais do Império, cativos.
Era o dia 28 de outubro de 1922.

CARTER telegrafou a  Lord  CARNAVON, que morava na Inglaterra, anunciando a descoberta.  Um mês depois, ele e sua filha  EVELYN chegavam ao Egito.  Lord  CARNAVON era o financiador da descoberta :  estava ansioso e felicíssimo.

O dia 29 de novembro foi memorável.
Diante do olhar de ilustres convidados especiais do governo egípcio e da imprensa mundial,  HOWARD CARTER e  Lord  CARNAVON desceram os degraus do túmulo para entrarem na História









 A planta do túmulo hipogeu é bastante simples :  inicialmente há 16 degraus e um corredor de 7 metros, que dá acesso à  antecâmara -  à direita está a câmara funerária e a câmara do tesouro.  À esquerda, uma outra pequena sala anexa, liga-se à antecâmara.
Todas as portas/passagens  estavam muradas.
CARTER cavocou um buraco na porta selada... e o ar quente que saiu fez bruxulear a chama da vela que ele segurava na mão para clarear o corredor escuro.

Pela primeira vez, depois de 3.000 anos, vozes humanas atravessaram as paredes da tumba: 
"Você pode ver alguma coisa ?"  -  indagou CARNAVON.
"Sim, coisas maravilhosas !"  -  respondeu CARTER.
E o primeiro raio de luz atravessou a escuridão da câmara ,depois de 3.000 anos...



No corredor de entrada, a primeira peça foi recolhida:  uma belíssima taça de unguentos, em alabastro, com a forma de lótus.  Dos lados erguem-se botões formando asas, com os símbolos da vida eterna.  As inscrições centrais trazem os títulos e o nome do rei.  Na borda da taça, estas frases de felicidade eterna, com o protocolo real :

"Vive, ó HÓRUS, Touro Forte, belo ao nascer, Senhor das duas Deusas dos países, pacificador das Duas Terras, exaltado nas coroas, amigo dos deuses, o rei do Alto e Baixo Egitos, NEBKHEPERURÁ, doador da vida" !

E na borda traseira, esta outra frase :

"Que teu espírito viva e nos dê milhares de anos, ó tu, amado de Tebas, sentado com teu rosto voltado para o vento do norte, com teus olhos plenos de encanto" !

"Nunca se viu, em toda a história da pesquisa um espetáculo semelhante, jamais imaginado"  - escreveu posteriormente CARTER.

Na antecâmara brilhavam camas douradas, estátuas de ouro, baús pintados, vasos de alabastro e corbelhas de flores secas. 


Duas estátuas sentinelas de TUTANKHAMEN guardavam uma passagem semi camuflada, que continha os selos do rei impressos na argamassa.

As estátuas são em tamanho natural, de madeira recoberta com resina negra brilhante e ouro :
elas guardavam a Câmara Funerária.




Semanas depois, CARTER e ARTHUR MACE, um arqueólogo norte-americano, derrubaram essa parede de argamassa, guardadas pelas estátuas-sentinelas.
No rodapé dessa parede estava inscrita uma inscrição fatídica.
Atrás dela eles se depararam com uma parede de ouro, gravada com os sinais de OSÍRIS e ÍSIS que, na verdade, era a primeira das 4 urnas que guardavam o sarcófago de TUTANKHAMEN. 
Eles não imaginavam que ali dentro dessas 4 urnas e do sarcófago, estavam  3 ataúdes e a sua múmia, recoberta com centenas de adereços.

Os pesquisadores estavam, assim, diante da câmara funerária do rei  -  decorada com pinturas hieroglíficas : imagens de divindades e do ritual funerário.
Mas os ladrões de sepulturas daquela época, ali deixaram suas marcas e seus estragos :  pensou-se que a múmia fora saqueada, destruída ou mesmo roubada.

O tempo corria.
No dia 17/02/1923, passaram-se horas de receios até que se puderam abrir as portas dos armários.  Quando CARTER e seus assessores descerraram a primeira porta, telegramas seguiram para a imprensa de todo o mundo :  os selos do sarcófago estavam intactos e o mundo poderia esperar grandes acontecimentos.

Confortado com a descoberta, CARTER trabalhou mais descansado para desentulhar a antecâmara.
Cada objeto
foi fotografado,
medido,
descrito,
numerado e
desenhada sua justaposição em relação aos demais.
Isto é um trabalho sistemático da Arqueologia.
Depois, os objetos foram devidamente embalados com a máxima proteção e segurança.

E os primeiros caixotes, contendo as valiosíssimas peças do tesouro, começaram a deixar a tumba no Vale dos Reis em direção ao Nilo.  Construiu-se até uma via férrea do túmulo a Tebas, onde as caixas embarcariam para o Cairo.
Três milênios atrás, outros trabalhadores conduziram esses objetos para a sepultura, após a viagem funerária.

Agora, nesta fase, o túmulo foi fechado para a temporada de verão, onde seria impossível trabalhar pelo enorme calor de quase 50° centígrados à sombra.

"A morte tocará com suas asas todo aquele que perturbar, em sua eternidade, o sono do faraó que repousa neste lugar".

Esta frase, deixada no túmulo, cominava de irrevogável maldição os dedos sacrílegos que o profanassem.
E a primeira vítima foi o próprio Lord CARNAVON, que morreu inexplicavelmente em maio de 1923, dando inicio à "Maldição do Faraó".



Como disse, na câmara sepulcral estavam 4 armários de madeira recobertos com ouro, a esconder um sarcófago de granito róseo, dentro do qual estavam 3 ataúdes guardando a múmia, com sua máscara de ouro.
Tudo isso parecia um sonho e ultrapassava a imaginação, pela riqueza e esplendor.

CARTER levou 80 dias para desmanchar as urnas funerárias.

No dia 13 de fevereiro de 1924, depois de erguer uma tampa de 600 kg., apareceu o primeiro ataúde, em madeira dourada e pintada.
O rosto do faraó ali estava, intacto; parecia que o tempo parava  -  um deus e um rei jazia naquele ataúde.

Câmara funerária com pinturas, o sarcófago e o 1º ataúde (3º, se contado à partir da múmia),



Este é o 3º ataúde, se contarmos à partir da múmia.
É ele que aparece dentro do sarcófago na foto acima.

Na fronte, de serenas feições, junto às imagens da deusa-serpente UADJIT e da deusa-abutre  NEKHABIT, protetoras do Alto e Baixo Egitos, estava a  "coroa dos justificados"  : um pequeno ramalhete de centáureas ressecadas  -  o último adeus da rainha  ANKHSENÁMEN  ao seu jovem esposo...


As análises botânicas indicaram que  TUTANKHAMEN  foi sepultado entre meados de março ou fins de abril do ano 1349 antes de Cristo



O primeiro ataúde é de ouro maciço, com algumas incrustações de pedras preciosas egípcias.  Tem 1,85m. de altura e 285 kg. de peso.  Nele repousava a múmia.
Nas suas mãos estão os símbolos do poder :  o báculo e o chicote
No queixo, a barba postiça, símbolo da descendência divina.
As deusas aladas protegem o corpo do faraó.




fotofilmagens do 1º e 2º ataúdes de ouro de Tutankhamen
J.Vilela -  Museu do Cairo  - 2000


CARTER levou meses de trabalho até alcançar a múmia, dentro desse ataúde de ouro.

Recobrindo sua cabeça estava uma máscara de ouro puro, 22 quilates -  uma verdadeira obra-prima da Antiquidade.

É de se lamentar que naquela época não existisse filme colorido para captar, na sua realidade visual, o esplendor e opulência desse instante inesquecível para os arqueólogos.






















http://jv-egiptologia.blogspot.com.br/2017/03/imagens-colorizadas-da-descoberta-de.html









fotofilmagens VHS da máscara de Tutankhamen
J.Vilela - Museu do Cairo - 2000


A máscara funerária estava recoberta de versículos que diziam :

"Ó OSÍRIS, rei do Alto e Baixo Egitos, Senhor das Duas Terras,  NEBKHEPERURÁ. 
Tua alma vive e tuas veias são fortes. 
Teu olho direito é a barca da noite. 
Teu olho esquerdo é a barca da manhã. 
Tua cabeça é ANÚBIS;  teus joelhos são  HÓRUS. 
Teus cabelos são  PTAH-SOKAR. 
Teu nome está na boca dos súditos...  tua imortalidade, na boca dos vivos".










Às 9:45h do dia 11/11/1925, o Dr.  DOUGLAS  DERRY, professor de Anatomia da Universidade Egípcia, cortou as faixas que formavam  16 camadas de linho, enroladas no corpo da múmia e TUTANKHAMEN finalmente apareceu aos olhos do mundo curioso.
Sua altura é de 1,60m.
O excesso de unguentos e resinas, usados pelos embalsamadores, produziu uma combustão, carbonizando as faixas, a pele e os ossos do faraó.
Por isso sua pele está acinzentada, quebradiça e cheia de rachaduras.
O crânio foi esvaziado e enchido com resina;  os olhos não foram bem cuidados, mas os dentes estão em bom estado.
Seu rosto é 

"sereno e meigo, nobre e distinto, com os lábios bem marcados... e naquele olhar sereno, a antiga fé do homem na imortalidade"  (Carter).








Sobre o crânio do faraó, os embalsamadores puseram a tiara "seshed", de ouro incrustado, onde aparecem as deusas heráldicas prontas a abater os inimigos com veneno mortífero.


A múmia fora ricamente adornada com ouro e jóias.
No pescoço estavam 6 colares alados de pequenas placas de ouro maleável, uma dezena de colares-amuletos, um belo escaravelho com fórmulas mágicas...
Sob o cinturão de ouro lavrado, havia um punhal de rara beleza com sua lâmina de ferro, que brilhava como o aço dos nossos dias  -  provavelmente fora um presente do rei hitita  SUPILULIUMA ao faraó.




fotofilmagens VHS do tesouro de Tutankhamen
J.Vilela -  Museu do Cairo  -  2000


Os braços da múmia estavam repletos de pulseiras e braceletes de ouro, incrustados com lápis-lazúli, cornalina, feldspato e outras pedras preciosas da época.
Ao todo 143 jóias estavam acomodadas entre as faixas de linho que envolviam a múlia.

Terminados os trabalhos da câmara sepulcral, os olhos se voltaram para a  câmara do tesouro  .
Ali estava um andor  de ANÚBIS  ( o guardião da múmia e do túmulo
baús de madeira e alabastro
silos cheios de cereais, 
petrechos para cervejaria,
duas bigas de caça desmontadas,


armas,
instrumentos agrários, 
uma cabeça natural da deusa  HATHOR.






Ao fundo, um resplandecente armário de cedro, folheado a ouro, guardava os  "kanopos"  ...








Dentro desse armário estava uma capela de alabastro:  sua base é de prata, com  os sinais de  ÍSIS e  OSÍRIS, em relevo.  A prata, naquela época, valia muito mais que o ouro.








No interior dessa capela estavam 4 vasos cilíndricos, tampados por 4 imagens de TUTANKHAMEN.  Elas representam, na verdade, os gênios protetores dos  "kanopos" :
AMSET,
HAPY,
KHEBESHENUF e
DUAMUTEF.



Dentro de cada vaso cilíndrico estavam guardadas suas vísceras: 
intestinos,
estômago,
pulmões e 
fígado  -  embalsamados. 
Esses kanopos eram também de ouro maciço, incrustados.








câmara do tesouro  continha armários de cedro  ( pintados de  negro  -  a cor da ressurreição ) com
estátuas do rei e das principais divindades,
vasilhas de condimentos e medicamentos
modelos de veleiros e botes,
ferramentas de bronze e
recipientes para água e vinho.

O túmulo  de TUTANKHAMEN apresentava uma grande desordem  e isso significava a presença de ladrões.
Inúmeros armários estavam arrombados, alguns baús abertos brutalmente e centenas de objetos espalhados pelo chão. Algumas caixas foram pisoteadas pelos larápios.

Um oratório de madeira, recoberto com folhas de ouro, mostra cenas rituais  de  TUTANKHAMEN e sua mulher  ANKHSENÁMEN  homenageando  os deuses do Egito.

Dentro de um baú estava o manto cerimonial do faraó, bordado com missangas coloridas   e luvas que usava para dirigir seus carros de passeio e de combate.



No compartimento   anexo da antecâmara  foram deixados escudos,
poltronas,
vasos de óleo e unguentos,
lamparinas,
travesseios,
uma coleção de cajados,
camas inteiras e dobráveis,
instrumentos musicais,
jogos,
flabelos e leques,
caixas com joalheria,
sandálias,
roupas e
cabides...
Numa  grande caixa de madeira estavam  300 tipos de arcos e flechas  -  tudo em muita desordem.

Um magnífico porta-jóias de madeira incrustada e esmaltada tem a forma de um cartucho com o nome  "TUTANKHAMEN heka anusut"  e toda a borda do cartucho está gravada com frases de exaltação ao faraó..
Dentro desse porta-jóias encontraram-se
brincos incrustados,
um espelho de ouro e prata,
inúmeros braceletes, pulseiras e amuletos sagrados,
colares de pérolas,
um báculo e um chicote.

Outras caixas continham
materiais de escrita,
outros tipos de espelhos,
objetos de maquilagem,
sandálias bordadas,
leques e abanos com cabos de prata,
tabuleiros de jogos,
brinquedos e
trajes cerimoniais.
TUTANKHAMEN  levou para o sepulcro todos os vestígios de sua existência e o esplendor da sua  riqueza.
Seu túmulo inacabado é o poema lírico da morte, a saudade da vida, o apego à riqueza terrena, a dor da renúncia.

Seus carros de guerra e  de ouro cintilante, seu trono de ouro, prata e pedrarias, seus numerosos colares, pulseiras, leques  e punhais e seus leitos funerários mostram, esculpidos no ébano, ouro e marfim, amuletos benéficos que afastavam espíritos malignos.

Assim foi descoberto o túmulo de TUTANKHAMEN, o faraó-menino que se tornou célebre e temido em nossos dias, pela série de mortes repentinas que abateram descobridores e visitantes de sua tumba !









Mais ilustrações dos fantásticos objetos do tesouro de TUTANKHAMEN
Taça de unguentos, em alabastro.  Foi a primeira peça recolhida no corredor de entrada do túmulo.
Esta imagenzinha do rei-defunto, identificado a OSÍRIS, foi-lhe presenteada "post mortem" pelo "escriba real e superintendente do tesouro, MAÝA, chefe dos trabalhos do lugar da Eternidade".
Graciosa lamparina em alabastro representando a "união das Duas Terras", com imagens de HAPI - o deus-Nilo.
Tabuleiros e peças do jogo  "senet"  (uma espécie do nosso 'jogo de damas' ).


   Detalhes de um oratório de ébano e recoberto com folhas de ouro em altos-relevos mostrando TUT e a rainha ANKSENAMEN em diversos aspectos da vida conjugal :
 -  o faraó assentado numa poltrona, com a coroa "kheperesh"   e a rainha esfregando perfume em seu braço;






-  noutra cena o faraó derrama perfume nas mãos da mulher, belissimamente coroada com a coroa de plumas usadas pelas esposas reais;





 -  ela prende ao pescoço do marido o "colar da valentia";









 -  o faraó brinca de atirar no alvo com as flechas que a rainha lhe entrega.










 Uma das bigas encontradas na câmara anexa é folheada a ouro e contém os nomes pessoal e de entronização do faraó, escritos em hieróglifos dentro de cártulas protocolares.




Neste baú de madeira, recoberto com gesso decorado e pintado, TUTANKHAMEN, com a coroa "keperesh" avança com seu carro "merkebet" ( = biga), flechando invasores asiáticos  -  os sírios.








Os detalhes do desenho em miniatura são excepcionais.







Aqui, neste outro detalhe, ele destrói os africanos, com a mesma intensidade de ação, sempre ajudado por seus cães de caça e por seu exército.




fotofilmagem VHS da máscara de Tutankhamen
J.Vilela - Museu do Cairo - 2000







Em visita diplomática ao Egito, como Presidente brasileiro, Luis Inácio Lula da Silva foi levado ao Museu do Cairo, onde conheceu o ataúde de ouro de TUTANKHAMEN e outras preciosidades da época faraônica.










Recuperação de minhas filmagens do tesouro de TUTANKHAMEN, em VHS, realizadas em  visita ao Museu do Cairo, em 31 de janeiro de 2.000 :



WMV - Tesouro de TUTANKHAMEN   ( parte 1 )




WMV - Tesouro de TUTANKHAMEN  ( parte final )











Estes vídeos são muito interessantes, pois demonstram recentes pesquisas e descobertas sobre  

"TUTANKHAMEN - 
 os segredos do rei-menino"

por  The History Channel











NOTICIÁRIO :

            Análise de DNA feita em 2007 e 2008 indicaram que a mãe de TUTANKHAMEN seria uma irmã de AKHENÁTEN.







ADENDA


No ano de 1973, então estudante universitário, escrevi uma peça teatral sobre a vida de Tutankhamen.

Ela foi ensaiada durante 6 meses por um grupo de colegas de classe e encenada diversas vezes no Clube Sírio-Libanês de Santos.

Foram utilizados vários objetos do nosso museu de egiptologia e os trajes, coroas, cetros, perucas, joalheria, foram por nós confeccionados, rigorosamente de acordo com as pinturas e adereços da época, além daqueles encontrados na tumba do faraó.

Várias partituras dos filmes "Os 10 Mandamentos" (Cecil B.de Mille), "O Egípcio" e da ópera  "Aída" ( G.Verdi )  abrilhantaram a cenografia.

Confira aqui o 'script' da peça, que teve até censura da Polícia Federal  -  era época da Ditadura Militar  :

http://jarbasvilela.blogspot.com.br/2017/06/script-da-peca-teatral-tutankhamen-o.html



http://jarbasvilela.blogspot.com.br/2014/11/egiptomania-ii-tutankhamen-o-farao-peca.html


















O MISTÉRIO DO ANTIGO EGITO - Kenneth Clark




condensado de um artigo para Seleções do Reader's Digest  -  Tomo IX, nº 52  -  Setembro de 1975.







"A civilização, como entendo o termo, floresceu pela primeira vez no Egito e nas imediações da Mesopotâmia, há cerca de 5.000 anos.  encerrava muitas das qualidades que consideramos válidas em nossa civilização atual.

Os egípcios consideravam o indivíduo como um ser humano moral;
acreditavam na beleza e na dignidade do homem, dotado de uma alma que lhe sobreviveria após a morte;
encaravam a natureza como algo de belo e útil e muito ligada ao próprio homem;
possuíam um sistema bem organizado de governo;
e uma arte de inexcedível grandeza.

Tais requisitos, que julgamos essenciais ao nosso próprio conceito de civilização, parecem ter surgido com a rapidez de um crepúsculo no Vale do Nilo, entre os anos 3000 e 2800 aC.. Foi como se, após meio milhão de anos de existência sem consciente, o homem tivesse adquirido plena noção de si próprio e daquilo que o rodeava, no espaço de cerca de 200 anos.

A ciência descobriu fascinantes traços de vida civilizada em muitas outras terras, mas o Egito foi o primeiro berço da civilização.
E, por que ?
A resposta é simples : por causa do Nilo
Não só o rio era incomensuravelmente longo, mas ao contrário dos que tenham sido fonte de outras civilizações primitivas  (o Tigre, o Eufrates, o Indo e o Hwang Ho ), apresentava-se completamente regular em seus movimentos.  Na medida em que a civilização crescia, o Nilo era o perfeito lugar para o seu nascimento.

Os antigos egípcios constituíam um povo profundamente visual.  Mesmo a sua escrita constituía de séries der experiências visuais em letras  ( só consoantes; não havia vogais ).


 
língua egípcia  -  sátira



Pelo fato de uma escrita representar imagens estereotipadas, os egípcios não podiam adquirir uma abstração "verbal";  assim, nunca criaram uma filosofia no sentido grego da palavra.  Não podiam especular com o significado das palavras.

Mas, como demonstram suas formas de arte, os primeiros egípcios tinham autêntico interesse pela humanidade.
Que desde o inicio, começaram a fazer pequenas esculturas de pessoas comuns a trabalhar, o que demonstra tocante sensibilidade para a condição atual dos trabalhadores.
Não se esperaria encontrar tal pormenor na arte babilônica ou assíria; muito menos na Grécia, onde os trabalhadores eram escravos, cujas atividades não mereciam referências à não ser como figurar cômicas no drama.

A arte egípcia demonstra ainda um amor pelos animais e pela natureza em geral.

As pirâmides e os túmulos são, à sua maneira, construções religiosas.


 
 
No interior da pirâmide de Khufú 
 ( Quéops, em grego )
 






As pinturas nos túmulos demonstram que acreditavam na
imortalidade e, em particular, na ressurreição do corpo  -  só que eles simbolizavam isso de um modo material :  embalsamando e enchendo o túmulo com coisas que seriam necessárias na outra vida.
Muitos textos demonstram a crença de que as boas ações eram recompensadas na outra vida.

Mas, por fim, o curso da história inverteu-se e submergiu o Egito, tal como fizera com todas as civilizações.
Entretanto, o longo triunfo do Egito dependeu de seu respeito pela ordem natural das coisas :  o retorno anual das águas milagrosas do Nilo.

No Antigo Império, a civilização egípcia baseava-se na renovação, no cunúbio com a natureza e não na expansão e exploração de  seus recursos.
Talvez devêssemos aprender com o velho Egito.

Hoje em dia é considerado retrógado olhar para trás e tentar buscar inspiração nas artes e nas crenças do passado.
Diz-se que o homem mudou.
Acho que não;  nem os homens, nem as mulheres.

A tecnologia não vai remover a desesperada necessidade de ordem e harmonia;
ou o sentimento de simpatia pelos nossos semelhantes, quer humanos, quer animais;
ou a crença, para a qual não há provas materiais, de que uma parte de nós é imortal.

Essas idéias foram expressas há 5000 anos e, mesmo quando desprezadas por algum tempo, podemos sempre renová-las, tal como os egípcios fizeram no passado."

Conviria ainda recordar os dizeres dos sacerdotes egípcios a SÓLON, sobre a pouca antiguidade da história grega, em comparação à deles :
"Vós sois crianças, que apenas sabeis as coisas de hoje e de ontem".



 Templo de Hórus
-  em Edfu
 

 
 
 
 
 
 






 Os gregos chamavam  HERMES-THOT  de  TRIMEGISTO  =  3 vezes sublime :   rei, legisladorsacerdote.
A  HERMES-THOT atribuíam 3 livros :
'Pimandro',
'Asclépios' e
'Tábua das Esmeraldas'.
Eles são a remota origem de toda a filosofia ocidental contemporânea, defendida por  PLATÃO ARISTÓTELES.